El Niño no mundo do vinho
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Você sabe como o fenômeno climático El Niño afeta o mundo do vinho? Descubra aqui.
Causado pelo aquecimento anormal das águas do Pacífico e pela redução dos ventos na região equatorial, o El Niño – nome que, em espanhol, significa o menino, uma referência ao menino Jesus, já que historicamente o fenômeno acontecia pouco após o Natal, no Peru – influencia localidades no mundo todo. Mas o que isso tem a ver com o vinho?
Antes de entrarmos nos exemplos que explicarão essa questão, é preciso relembrar que o perfil de aromas e sabores de um vinho depende de vários fatores, tais como a uva ou uvas utilizadas, as características do solo e o clima. Excesso de água, por exemplo, dilui os componentes das uvas, enquanto as horas de sol e as temperaturas afetam a concentração de açúcar e ácidos.
Outro ponto importante a ter em mente é o de que estamos em meio a um período de ocorrência desse fenômeno, que acontece em intervalos entre dois e sete anos. Ele tende a se alastrar por todo o ano de 2016.
Cientes disso e do porque tomar ciência desse tema, podemos afirmar que o clima tem grande influência sobre a safra e, assim, mudanças cíclicas como as provadas pelo El Niño, podem interferir – e muito – na qualidade das uvas.
O curioso é que nem sempre essa interferência ocorrerá de uma mesma forma porque esse fenômeno se manifesta de diferentes maneiras em cada lugar que atinge.
No Sul do Brasil, ele provoca chuva em excesso. Já no Nordeste, é a seca que se evidencia. Além disso, pode provocar variações bruscas de temperatura, se comparar o mesmo período com anos sem o evento climático.
Quando a questão é a chuva, se o volume excessivo ocorrer na primavera, será prejudicial ao ciclo anual da videira, pois essa estação – mais especificamente, fim do inverno e início da primavera – é tempo de brotação.
Se a quantidade de água for mal distribuída, com alta intensidade, a brotação pode ser irregular, com possibilidade de doenças na videira e, consequentemente, redução na produção. Se o volume for muito alto, pode até impedir a floração.
Já no caso da estiagem excessiva também provocada pelo El Niño, em algumas regiões, as interferências podem ocorrer de duas formas: nos solos pouco profundos, que não conseguem armazenar água suficiente para suprir a demanda, o estresse hídrico prejudica todo o ciclo vegetativo da videira, pois afeta o desenvolvimento e vigor dos ramos, há muita perda de folhas e algumas uvas podem murchar e não se desenvolver.
Nos solos profundos, onde há capacidade de armazenamento de água, as videiras resistem melhor à estiagem e podem até se beneficiar dela. Como as uvas não crescem muito, devido ao estresse, elas ficam menores, os cachos ficam menos compactos, o que evita podridões. O fenômeno, nesse caso, pode garantir frutas mais concentradas em açúcares.
É importante esclarecer que, apesar de perspectivas alarmantes, o El Niño é apenas mais uma das dezenas de fatores climáticos com os quais os produtores devem ficar atentos, já que influenciam diretamente em suas safras.
Afinal, todos que atuam nesse universo sabem que para alcançar um ciclo uniforme da videira é necessário que os fatores que ditam o bom andamento sejam equilibrados. Volume de chuva, horas de sol e frio necessárias, tudo deve ser na quantidade ideal.
Por fim, vale a pena ficar de olho nessas questões. As intensas mudanças climáticas podem, daqui a alguns anos, até mudar as principais regiões produtoras de uvas e vinhos, fazendo com que surjam novas possibilidades e em lugares que jamais imaginávamos.