Um ciclo de excelência

À primeira taça, é fácil compreender por que os vinhos espanhóis estão entre os melhores do mundo. Mas entender o processo que resulta nesses rótulos incríveis é um pouco mais complexo e exige uma explicação, digamos, quase matemática. Isso porque a Espanha tem leis bastante específicas no que diz respeito à produção de vinhos e, principalmente, sobre os termos de amadurecimento, que se separam em quatro categorias – Joven, Crianza, Reserva e Gran Reserva –, cada uma delas dividida entre tempo em barril e tempo em garrafa. Para confundir um pouco mais, esses períodos mínimos de envelhecimento mudam de região para região e, ainda, para brancos, tintos e rosés.

Os exemplares desta seleção, por exemplo, seguem regras não apenas da legislação espanhola, mas também da D.O. (Denominação de Origem) Navarra, no norte do país. Nessa região, a classificação Roble, que estampa um dos vinhos deste mês, só pode ser utilizada em tintos que permaneceram no mínimo três meses em barricas de carvalho. Já o termo Crianza – que não tem a ver com “criança” e, sim, com “criação” – refere-se aos tintos que envelheceram por, no mínimo, nove meses em barris de carvalho. Com esse novo conhecimento, você vai gostar de saber que a garrafa de Crianza desta edição passou 12 meses em barricas – ou seja: é, sem dúvida, um vinho de excelência.

Em La Rioja e Ribera Del Duero, importantíssimas D.O.s espanholas, o tempo obrigatório de envelhecimento é diferente. Nessas regiões, o vinho deve permanecer pelo menos um ano em barris para ganhar o selo Crianza.

Como, em termos de vinho, os espanhóis não fogem à regra, os exemplares desse país invariavelmente trazem os traços característicos de suas regiões, consistência, personalidade e qualidade inigualável – como você poderá comprovar com a experiência deste mês.